quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Legítimo Design Australiano

(Artigo escrito para o site X-DESIGN no período de 2000/2002)





Outro dia estava assistindo ao filme "Dogma", de Kevin Smith e, na introdução, foi citado que Deus devia possuir senso de humor senão não haveria criado o ornitorrinco. Realmente, o ornitorrinco é esquisito. Parece que foi montado no Photoshop, colando partes de vários animais, no estilo Frankstein mesmo. E não só ele, muitos animais da Austrália possuem o mesmo padrão.

Quando Deus estava projetando os animais australianos deve ter os usado como protótipos e modelos de prova para vários estudos de design, biônica e biomecânica , ou deixou a cargo de algum calouro no seu escritório de biodesign, e como o prazo estava vencido, entregou o projeto assim mesmo (no sétimo dia obviamente, depois de varar a noite em frente a um PC que cismava em travar e fechar o "Biocad 3D" várias vezes).

De acordo com as teorias evolutivas o ornitorrinco foi uma espécie que, devido ao isolamento geográfico, estacionou no desenvolvimento, numa época em que os mamíferos tinham acabado de se originar dos répteis. Não apenas a aparência é estranha: sabiam que a fêmea não possui mamas? Então como amamenta as crias se foi classificado como mamífero? Bem, o leite escorre pela pelagem, do tipo suor mesmo, na área abdominal e os filhotes o lambem.. Depois de ver esse erro no projeto (o leite deve misturar-se com a terra, formando um lamaçal), provavelmente uma análise junto ao público alvo, os filhotes, Deus projetou o mamilo. O ornitorrinco é um animal desenvolvido para o meio aquático, sua patas com membranas interdigitais, a cauda que serve com leme e o bico-de-pato refletem esse conceito. E o ovo? Onde se encaixa na lógica projetiva? Não sei e acho que nem Ele. Quase acertou na questão dos pêlos, pois servem para proteger e esquentar a cria e o próprio animal, mas dificultam a performance na água (com base nisso, eliminou-os nos golfinhos e baleias). O bico de pato.... bem.... como não combinava com nada mesmo, reutilizou-o nos patos e marrecos.

As aves devem muito ao ornitorrinco: os bicos e os ovos (bem, existe aquela teoria de que os dinossauros são os antepassados diretos das aves, mas me recuso a pensar num tiranossauro, feio e mal, com plumas coloridas na cabeça correndo atras da presa com aquelas patinhas ridículas. As presas deviam morrer é de tanto rir ).
Acham o ornitorrinco estranho?

Mais ainda é a équidna , uma mistura de porco - espinho com toupeira. Na época da reprodução ela faz um ginástica doida: dobra o corpo e põe ovo em si mesma (?!!!!), numa bolsa (marsúpio) que se forma durante a gravidez. 


E o ovo? Bem, o ovo é quase uma esfera de 15 x 13 e deve ser muito difícil pra sair ( com base neste protótipo infeliz, Deus mudou o design dos ovos para o atual, meio alongado, que facilita a saída.). É um animal com característica de réptil, ave e mamífero, um verdadeiro fóssil vivo.

Acha que o Criador parou por aí?

Não, ainda tem o kiwi, uma ave (?) sem asas, sem caudas, cujas penas parecem pêlos, e pasmem, o macho é quem choca os ovos e cuida dos filhotes!!. Ao nascerem seguem o pai que os alimenta, ignorando a mãe (deve ter sido as primeiras a queimarem os soutiãs).




Agora o mais famoso: o canguru.

Por algum erro de projeto, o filhote nasce mais cedo e para tentar resolver o problema, criou-se uma encubadora natural, a bolsa em que a cria espera o momento certo para sair. O mais estranho foi guardado para os orgãos reprodutivos: o pênis do macho é em formato de "y" e, seguindo a "lógica projetiva", a vagina da fêmea é dupa, "How Bizarre"!!!

E, lógico, não podia esquecer do diabo-da-tasmânia.
Esse bicho que mede apenas meio metro, (contando com a cauda), e coragem inversamente proporcioanl ao tamanho, possui mandíbulas com dentes bem agudos que trituram ossos e o levam a atacar presas maiores.

 


Quando invade um galinheiro não deixa nenhuma galinha viva, embora somente duas ou três bastam para saciar sua fome. Antes de atacar emite um grito agudo, muito conhecido dos moradores da região. De hábitos noturnos, a sua pelagem negra o ajuda muito na hora da caça (ponto para programação visual). Só tem semelhante no seu parente canadense , o carcaju, também conhecido como wolverine, igualmente pequeno e feroz, só largando a presa depois de morto ou aleijado. Imagine um animal desses do tamanho de um leão? Ainda bem que o modelo foi feito em escala reduzida.

Imagino a dificuldade dos biólogos em classificar esses bizarros animais. Deve ter sido no cara e coroa ou outro método igualmente ciêntífico.

Acho que a Austrália foi um tipo de depósito de biodesign inacabados do Criador. Ou na pressa de entregar o mundo cheio de bichos para Adão nomear, copiou alguns croquis da pasta "estudos de design baseados em criaturas de seriados japoneses" e colou naquela ilha isolada só para cumprir o prazo de entrega do projeto.

Agora imagine se todo o país seguise este padrão projetivo-visual? Como seriam as pessoas e a arquitetura? Prédios de barros e com rodas? Pessoas azuis com três braços, sete olhos e asas de pelicano? Cachorros miando e que põe ovos-de-páscoa (sem bombom dentro), peixes que correm gritando (ou latindo se forem de água-doce), carros movidos a calouros, homens que tem TPM, cólica e engravidam? (tá bom, tá bom, exagerei)

Encerro esta coluna esperando que Deus continue de bom humor e não resolva deletar a gente do arquivo de uma hora pra outra, apesar de possuirmos alguns defeitos de projeto, acredito que o ser humano é um pouco melhor que o ornitorrinco, afinal inventamos o Dreamweaver, o Fireworks e o Photoshop.

Até a próxima.


Herman Faulstich
(Herman Faulstich não é australiano)

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