quarta-feira, 4 de novembro de 2009

BAUHAUS - Parte I

(Artigo escrito para o site X-DESIGN no período de 2000/2002)




"O artista esta vivendo numa era de dissoluções e está desorientado. Está isolado. Os velhos padrões estão em ruínas, o mundo entorpecido está sendo sacudido, o velho espírito humano está ultrapassado e caminhando em direção a uma nova definição. Nós flutuamos no espaço e ainda não percebemos a nova ordem."


Walter Gropius


Símbolo de modernidade e revolução, a Bauhaus foi uma instituição inovadora que no início do século determinou o comportamento do design e da arquitetura. Colocando a Alemanha como precursora da arte moderna, a Bauhaus influenciou o sistema de ensino e produção mundiais, definitivamente, como disse Marcel Breuer, "civilizando a tecnologia".


Origem

No final do século, o mundo encontrava-se sob o período Racionalista, onde os ornamentos da evolução construtiva, entravam em choque com a produção industrial, somados a isso, o advento do fim de século, que inspira mudanças radicais na filosofia e comportamento humanos.

O arquiteto Adolf Loos formulou um ensaio sob o título de "Ornamento é crime", onde plantava a semente do pensamento funcionalista que teve reflexo na filosofia de outro arquiteto, o americano Louis Sulivam, que caracterizou o seguinte pensamento crítico : "A forma segue a função".

Em 1890 com o advento do Art Noveau, do belga Henry van de Velde, surge a afirmação de que a busca pela ornamentação da forma, deve desenvolver uma expressão atualizada com as necessidades características da época, e não com base em conceitos passados. A substituição da mão-de-obra agrícola pela industrial, gerava novos paradigmas a serem estudados, tais como adaptar a necessidade de expressão artística com a de bens de consumo e produção, com a nova forma de produção em série.

A Alemanha pós-guerra, serviu de cenário perfeito para a aplicação e estudo destes conceitos: um país destruído pela guerra, incentivava artistas e intelectuais a reconstrui-lo, através de novas idéias e soluções adequadas à produção industrial, já fortemente implantada.

Na cidade de Darmstald em 1899, Peter Behrens e o austríaco Joseph Maria Olbrich, fundam a Colônia Mathidenhoele. Behrens é considerado o primeiro desenhista industrial, pois suas criações pendiam mais para a técnica do que para a arte, seguindo a filosofia da melhor aplicação na produção industrial. Henry van de Velde chega à Alemanha em 1902, sob contrato da cidade de Weimar e atua como conselheiro artístico da Escola de Arte local. O seu atelier foi denominado Seminário de Arte Industrial, que originou em 1906 a "Nova Escola de Arte Industrial de Weimar". Com o advento da Primeira Guerra mundial, o seu trabalho foi interrompido.Em 1907 na Prússia, Hermann Muthesius inaugurou a Escola Deutsche Werkbund, que tinha por objetivo unir as maiores expressões da indústria, comércio e arte afim de somarem esforços para conseguir uma maior qualidade na produção industrial, visando o comércio e competição de mercado.

Sob esse cenário, na primavera de 1919, na cidade de Weimar, é fundada a Bauhaus. Tendo como diretor e fundador o arquiteto alemão Walter Gropius (indicado por Van de Velde), a escola abrigava os maiores artistas e arquitetos do país. Levado sob o pensamento funcionalista, Gropius buscava a integração da arte, e conhecimentos artístico e formais, com os processos industriais.

A escola seguia a filosofia de não possuir um estilo característico, pois obedecia a relação função/materiais que, de acordo com cada projeto, culminava em uma solução própria. Gropius pensava que a forma dos objetos deveria desenvolver-se a partir dos materiais utilizados, tal como uma flor se desenvolve a partir de um bulbo, e que deviam ser "regidos pela existência de sua própria lei", e não por obediência a um código de estética fixo. Tentou fazer com que o artesão adapta-se as novas técnicas de produção, prevendo que ele seria o futuro coordenador da produção industrial. No entanto, erra pois, o artesão tornou-se o operário, e o outro mais inteligente e preparado tornou-se o desenhista industrial.

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